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Contrastes e contradições

Se de amor és feito e do mais puro amor te embebedas, então por que te afugentas quando avista uma paixão? Talvez seja medo. Medo de sentir,  de deixar o controle ir. Talvez porque não correspondes, ou talvez porque não tens certeza se és correspondido; Talvez porque amar é brando e a paixão é fogo; Talvez porque amar traz paz e a paixão inquietação; Talvez porque amar é seguro e encoberto, e a paixão desafia e se declara. Talvez porque amar é duradouro, mesmo a vida sendo efêmera, enquanto a paixão é como a juventude: se esvai antes que se passem 20 anos.

A caçada

 No princípio estávamos todos dormentes, alheios, imersos em qualquer outra coisa diferente de sua existência. Até que você passou por nós e nos despertou, em momentos distintos. Se apresentando de formas diferentes a cada um, rapidamente o denominamos segundo a nossas percepções individuais. Alguns te chamaram de dinheiro, influência, poder, reconhecimento, força, outros de amor, felicidade, aceitação, contentamento. Mas todos esses são apenas sinônimos para seu verdadeiro nome: sucesso.  Após nosso despertar, partimos em disparada em sua direção, motivados pelo instinto primitivo inerente a todo animal. Avançando ensandecidamente logo percebemos que não estávamos sozinhos na caçada e, por equívoco de interpretação, imediatamente consideramos a companhia competição, usando a vontade de se sobrepor como combustível na caçada.   Isso continuou, por algum tempo. Mas em algum instante, nosso corpo se cansou e a cada passo que dávamos, você dava dois. Quando par...

Sobre o amor

Falar sobre amor é tão fácil Porque é fácil de imaginar Como o amor se parece. Difícil é sentir amor porque amor é raro, tão difícil de se encontrar. Amor não é igual miojo, instantâneo e indigesto. O amor é um prato refinado que toma tempo  mas sempre faz bem a quem o sente. O amor não traz dor,  a raiva, o ciúme e a posse trazem. E por mais que possa trazer algum tipo de ardor, amar sempre vale a pena. O amor cabe em um abraço, daqueles que os dois corações batem juntinhos, daqueles que parece que o peito se abre, que o peso sai, que a dor desvanece. Amar traz paz e também liberdade  para ser, para sentir, para estar.

Eduardo e Mônica, nem tão opostos assim.

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     Eduardo sempre fora um jovem sonhador, apaixonado pela vida e por Maria, sua primeira e única paixão, a qual ignorou todas suas singelas investidas.      Ele jamais havia se considerado alguém tímido ou com dificuldades de se comunicar, na verdade, sempre fora bem equilibrado neste aspecto, mas sua dificuldade veio a se manifestar na situação mais inoportuna possível, no momento em que suas habilidades na comunicação seriam extremamente cruciais.      Infinitamente triste e decepcionado, Eduardo não conseguia encontrar formas de superar suas barreiras psicológicas para finalmente conquistar seu grande amor.      Havia tentado por diversas vezes, de diversas formas, no entanto, a resultante sempre era a mesma: nada; não conseguia encontrar maneira de se mover ou falar algo coerente quando estava em sua presença, até que desistiu, mas não sem antes derramar muitas lágrimas pelo sentimento infeliz que insistia em queimar e...

Ariel: é melhor a possibilidade de se viver a vida que se deseja do que a certeza e a segurança de uma vida infeliz

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         Lembro que na quando criança,  o maior sonho da maioria das garotas que eu conhecia era o de ser uma princesa da Disney. Acho que na infância castelos gigantes, jardins coloridos, vestidos brilhantes, cabelos perfeitos, rostos bonitos e bichos fofinhos são a representação de uma vida perfeita.             Conforme a gente vai crescendo, as coisas mudam: cantorias excessivas passam a ser irritantes, transformações mágicas viram cômicas, o cenário parece meio sem nexo e a beleza de um personagem computadorizado não é mais aquelas coisas. O desfecho é inevitável: passamos a renegar essa parte fantasiosa de nossa existência e abandonamos esse tipo de ficção.       Seguimos assim, nos escondendo por detrás desta máscara de maturidade até que chega um momento em que precisamos (re)significar. Em que estamos tão cansados dos golpes duros da realidade que buscamos refúgio na doçura da infância, e então...

Hoje não é tarde

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   A gente faz planos, mas não pode controlar o mundo. Há poucas coisas nessa vida que nos fazem sentir acalentados.      A gente nunca sabe quando vai ler aquele texto, quando vai receber aquela mensagem, quando vai dar aquele abraço, quando vai encontrar aquela pessoa, ou quando vai viver um momento especial. E, em meio a dias velozes como os de hoje, parece que esses momentos se afugentam de nossas vidas.      É claro que podemos passar a vida inteira nos perguntando quando eles irão acontecer, tentando predizer sua chegada. No entanto, seria muito mais simples se apenas estivéssemos prontos a recebe-los a qualquer momento, ou melhor, a fazê-los acontecer. Hoje não se precisa de muito para encontrar alguém querido, as bibliotecas são cada dia mais acessíveis e as distâncias cada vez menores.      Porém, estamos cada vez mais munidos de acessos e essa sensação de liberdade exacerbada parece querer nos engolir. Um dia a mais, pa...

Despertar

Existe um momento, entre o segundo em que abro meus olhos e o seguinte quando tomo consciência sobre mim mesma. Há esse lapso em que nada importa, nada faz sentido (e nem precisa fazer). Não há peso, não há cobranças, não há chateação, só existe o eu que desperta mais uma vez e contempla a beleza da vida. Nesse instante, me sinto leve e no seguinte sinto a completa magnitude de meu ser. É como se em um momento, eu fosse uma tela de pintura branca e no seguinte um quadro completo. Nesses momentos, tenho a certeza que sou feliz pelo simples fato de estar viva.

A mãe progenitora - texto originalmente postado na plataforma Sweek

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Nesta noite deitei-me um tanto quanto agitada, o horário já era avançado, no entanto, a inquietação que tomava conta de meu ser era maior que a consciência do cansaço que me assolaria no dia seguinte. Me levanto de forma lenta e sigo a passos calmos para a janela de meu apartamento. Sento no chão, em frente ao enorme vitral que me permite obter uma vista privilegiada da capital. Apesar de todos os prédios e edifícios grandiosos iluminados, as únicas luzes que captam minha atenção são as das estrelas, que apesar de serem pouco intensas devidos às atividades antropocêntrica do centro urbano, se fazem constantemente presentes. Ao concentrar minha atenção aos diversos pontos de luz distantes, minha mente começa a divagar acerca dos acontecimentos que ocorreram durante o dia, de forma que não percebo quando minhas pálpebras se tornam pesadas e vem a se fechar, me agraciado enfim com o tão aguardado descanso. Tenho alguns instantes de intervalo antes que minha consciência retorne, porém de f...

Starts that don't shine

Humans, the most powerful beings that have set their feet on this planet, not due for their shape, but for their genial minds that have put them above all the others. These ones came to the world in fragile bodies but managed to manipulate things to their own advantage. During their existence, humans have been using their precious treasure to build monuments, castles. They have created efficient communication systems, technology, which stored the knowledge over the centuries. A remarkable existence that not even time or nature could erase. However, in spite of having built great things, they have ruined themselves with their selfishness, they let their ego steal all the light within. Along with their huge empire, they dared to produce guns that killed themselves and others. They have built walls of limitation and painted them with the blood of inequality. Yes, the inequality looks like a screaming scarlet. In the human eyes the dark and the light dance a dangerous fight. On the stage o...

Superação do individualismo imediatista

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     Assim como a maioria das animações produzidas pela empresa norte-americana Pixar, WALL-E (Andrew Staton, 2008) é uma película espetacular, capaz de tocar o coração de pessoas de diferentes grupos e que, inclusive, é uma das principais integrantes da minha lista de filmes favoritos. Esse fato se justifica pela delicadeza da trama tecida em torno da relação entre o ser humano, os robôs e o meio natural que me é extremamente tocante. Lembro-me com clareza que a mensagem que o filme me transmitiu,  mesmo tendo assistido pela primeira vez na infancia, a obra me fez pensar sobre a empatia e consciência que todos devemos ter em relação as consequências que as ações de um indivíduo podem acarretar para o coletivo.      A animação é ambientada em uma realidade em que o consumo descomedido e os avanços tecnológicos mal manuseados transformaram o planeta Terra em um lugar inabitável devido ao excedente de dejetos e a poluição. Como o próprio nome já indica,...

Pequenos atos de luz

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     Há alguns dias durante minha rotina diária de navegar na internet deparei-me com um certo filme de curta metragem chamado “O outro par”.      Ainda ingênua em relação ao que estava por vir, decidi abrir tal vídeo crendo tratar-se de uma simples história de amor. Eu não poderia estar mais errada em minha suposição. Na verdade, tal obra cinematográfica retrata a história de dois garotos: um pobre e um rico, e a gritante desigualdade existente entre os dois, que neste caso é explorado de forma simbólica pelos calçados.      O curta metragem é lindo, tocante. Ele é universal sem precisar de palavras, conversa através de cotidianos. Especificamente no ápice, quando o sapato é acidentalmente derrubado pelo garoto rico e o garoto pobre fervorosamente tenta devolvê-lo para seu dono, não pude evitar comparar tal ação louvável com os atos que praticamos em nossa rotina, ou melhor, que deveríamos praticar.      Caro leitor, como nós ...