Hoje não é tarde




  A gente faz planos, mas não pode controlar o mundo. Há poucas coisas nessa vida que nos fazem sentir acalentados.

    A gente nunca sabe quando vai ler aquele texto, quando vai receber aquela mensagem, quando vai dar aquele abraço, quando vai encontrar aquela pessoa, ou quando vai viver um momento especial. E, em meio a dias velozes como os de hoje, parece que esses momentos se afugentam de nossas vidas.

    É claro que podemos passar a vida inteira nos perguntando quando eles irão acontecer, tentando predizer sua chegada. No entanto, seria muito mais simples se apenas estivéssemos prontos a recebe-los a qualquer momento, ou melhor, a fazê-los acontecer. Hoje não se precisa de muito para encontrar alguém querido, as bibliotecas são cada dia mais acessíveis e as distâncias cada vez menores.

    Porém, estamos cada vez mais munidos de acessos e essa sensação de liberdade exacerbada parece querer nos engolir. Um dia a mais, passa a ser um dia a menos e a cada minuto parece que deixamos de viver.

    As coisas pequenas deixam de serem vistas e a beleza da simplicidade é ignorada. Poucas vezes olhamos para o céu, raras vezes tomamos chuva e menos frequentemente ainda sentamos na grama.

    Trocamos esses pequenos prazeres por indignações nos transportes, horas nas redes e cargas horárias desumanas. Trocamos as pessoas por confortos e os afetos por hierarquias. Pouco a pouco nos abandonamos e perdemos quem queremos ser.

    Então hoje, antes que o dia acabe, mande aquela mensagem, faça aquela receita, tome aquele banho, visite aquela pessoa, cante aquela música, assista àquele filme, escreva aquele texto, dê aquele abraço, faça aquela confissão. Hoje não é tarde demais para se realizar, mesmo que minimamente. Então, dê logo o seu salto e descubra o que te espera depois do precipício, depois da incerteza, depois do medo.

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