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8 de março

       Os dias passam velozes e me perco nas folhas do calendário. De repente já se foi o Carnaval e o novo ano já não é tão mais novo assim. Os jornais tentam nos roubar o pouco que nos resta para além da rotina e do cansaço: a esperança. Em dias tão absurdos, sentirmo-nos um pouco loucos parece ser o mais são. Por essa razão, não resisto a aparente loucura de me ater às coisas simples apesar do mundo. Eu, você e esse sentimento enorme de gratidão.      Vasculho diários, textos compartilhados nesse blog, posts antigos do Facebook e antologias na estante. Nada parece certo ou suficiente e talvez, seja para o melhor. Se não fosse a inadequação, provavelmente deixaria mais uma vez as palavras esvanecerem antes de tentar passá-las a um papel.       Eu e você, te olho nos olhos e você me encara tão profundo que dá pra ver a alma. Nenhum poema, verso ou citação jamais seria capaz de fazer justiça as conversas silenciosas de afeto que compartilhamos.      Compreensão, segurança e carinho. Ob

A lição do pavão

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     Existe uma lição na vida que somente os pavões - com toda sua imponência - são capazes de ilustrar com maestria.       Há quem goste dos pavões e há quem os desgoste. "Lindos" ou "exagerados", "graciosos" ou "ridículos". Os pavões certamente dividem opiniões.      Contudo, o animal, se entende ou não (não é benéfico afirmar que sim nem que não, nesse caso incerto a dúvida é mais completa que a afirmação), não se importa com os elogios ou críticas que recebe.       Ele, movido por sua essência de vida, continua a caminhar da forma mais majestosa que é capaz. Consciente ou não, magnânimo ou ridículo, o pavão precisa continuar a existir e se mover, e a bruta realidade é que ninguém pode fazer isso por ele, senão ele mesmo. Ele é mais do que os adjetivos que os que o observam lhe atribuem. Ele é verbo e o verbo não pede licença e nem desculpas. Ele vem, toma e ocupa seu espaço, porque ele precisa e pode.      Devemos aprender essa lição com o pa

Dócil garota e feroz mulher

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     Mesmo com o passar dos anos existe uma espécie de inquietação que ainda me persegue. Nos meus passos ora incertos, ora mais firmes do que a trajetória de uma flecha; no silêncio da pacificação e na propagação das palavras consumindo a isenção; em cada pensamento inseguro e nas certezas infladas:  transito na linha tênue entre a brandura de uma dócil garota e a ferocidade de uma forte mulher.      A vida me fez ora poça e ora enxurrada e ser ambos é talvez mais consumidor que ser nenhum. A placidez da lagoa faz ebulir no íntimo a necessidade de fluir impiedosamente e o alvoroço da torrente faz-me carecer o repouso da suspenção.      Seria mentira se dissesse que jamais  quis ser mulher forte e esquecer-me de minha face de menina, mas essa existência e as forças maiores não se importam com o que queremos, felizmente. No fim, ser somente mulher e unicamente forte é um maniqueísmo tão improdutivo quanto a ideia de bem e mal absolutos. Todas as questões do coração possuem mais nuances