Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2020

Duração

A vida é curta, a memória é longa. A vida é longa e a memória é curta. Paradoxo verdadeiro mesmo que pareça não poder ser. Não há certeza em nada quando se falta clareza, mas de meia dúzia de primeiros afetos posso aflorar alguns sonetos O primeiro para aquela que me gerou; O segundo para aquele que me amou; O terceiro para todos que eu amei desde o princípio quando cheguei. A baila da vida cansa o corpo. Um dia sairei dela,  com pés cansados, corpo esgotado, mas minha alma estará tão exultante que não caberia nem mesmo em uma dúzia de eu's vazios de qualquer centelha.

Falecer

Um dia, em um lugar,  haverá uma circunstância de encerramento. Não haverão mais passos, nem fôlego para os porquês. Os braços, inertes, abraçarão a ausência e de vazio se encherá o peito. "Eis que parto!" tentará dizer o corpo, mas a alma, esvaindo-se para algum lugar, já o terá abandonado. Se retorna ou não, se encontra abrigo  ou se jamais existiu, não diz uma palavra. Mas o fantasma de sua presença -concreta ou imaginária, uma casca oca em decomposição, é deixado como memória encarnada e, coberto por camadas de chão, coloca distância indefinidamente definitiva entre a vida e o que pode existir além.

Love is the only thing that will remain

Even when your eyes express strangeness  in the instant you look at me;  Even if your touch  become insecure and elusive; I'm still holding dear as you made it for me many times before.  When everything fades away  the echo of our love- the love of a grandmother and a granddaughter, the love of two women sharing bonds of companionship - will remain. Love is the only thing that will remain when we all become dust of dreams and never told stories, when all that lasts of us is written in the pages of our diaries. 

Sua vida não deve depender de outrem

Algo partiu-se dentro de mim quando ouvi sua voz trêmula dizer que eu sou sua vida. Por um segundo do relógio, a tristeza preencheu-me. Você é luz, mas  encherga  apenas as  sombras que lhe rodeiam. Desejo que, em algum momento,  você perceba o brilho inconfundível que emana, pois sua luz preenche o vazio. Sua luz preenche-te e externa-se para alumiar  a escuridão infinita  dessa efêmera existência. Você é sua própria luz. Você é o que faz a própria vida valer a pena. Sua vida é sua e de nenhuma outra pessoa. Você é sol,  e é porque eu te amo, que espero que encontre uma maneira de viver por si mesma.

Os covardes sempre vencem

AVISO DE "GATILHO":  Esse conto, narrado desde a perspectiva de um garoto de doze anos, é uma crítica social às violências cotidianas sofridas por mulheres e presenciadas por crianças. Caso tema cause alguma moléstia, recomendo que não leia.     É passado da meia noite, sei disso porque escuto os passos cambaleantes de alguém subindo as escadas. Aqueles malditos degraus de madeira a produzirem seu terrível barulho, os quais apenas continuam a me lembrar da ânsia em meu estômago.    O nervosismo já havia me levado a correr, como o covarde que sou, da cama direto para meu esconderijo de sempre. Desde que meu pai começou seu ritual noturno de auto-multilação-de-fígado, minha mãe me faz esconder debaixo da mesa, esperando, assim, poupar-me do comportamento agressivo.    No entanto, apesar dessa tática ser fisicamente efetiva, é ineficaz em me proteger de feridas mais profundas, traumas marcados como aço em meu coração e mente.     Todas as noites vejo-me em meio a mesma batalha: