Um guia de navegação para a vida

 

De tudo o que me dói guardo recordações como um guia de navegação da vida. Hoje foi um dia cinza e ontem choveu bastante, mas a semana passada foi ensolarada e fresca e alegre como a primavera.

 Alguns dias nos atropelam, e com eles aprendemos a atravessar na faixa de pedestres, olhar dos dois lados antes de cruzar uma avenida e a esperar até que seja a hora oportuna para nos arriscarmos no asfalto.

 É por causa desses dias tempestuosos que sabemos, bem lá no fundo, que existem abismos dos quais não devemos nem nos aproximar e outros que não há maneira de evitar. Também é por causa deles que nos enxergamos despidos de pompa e cobertos de nossa própria natureza. 

E como é difícil encarar-se quando o que se vê não é bonito nem ideal, mas talvez nessa árdua empreitada residam os significados de maturidade e franqueza. 

É uma das grandes virtudes ver a si mesmo desnudo de tudo o que externamos e, com coragem, lidar com a crueza e a imperfeição, porque aqui dentro somos todos muito mais brutos do que polidos e o aperfeiçoamento exige esforço. 

E é diferente para cada um. O processo de nos tornarmos a pessoa que queremos está muito longe de ser uma receita pronta.

 Por essa razão, me parece que todas as dores e incômodos que nos acometem são aparatos para decifrar o nosso norte durante essa breve e estupenda viagem que é a existência.

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