Ao amado


Prezado, querido e amado

não te vejo com meus olhos,

mas meu coração te almeja.


Não te toco com meus braços,

mas a saudade nem pestaneja,

essa que se instalou em meu ser.


No oculto te escondes

e no imaginário habitas, 

mas como pode se de amor te adoeces?

como coração que não existe, pela paixão tomado é?


É mistério, é mistério,

se apressam em dizer,

mas é de mistério em mistério que se aprende a viver?

Se a vida é uma jangada, fadada ao naufrágio, como pode o meu coração deixar de ser tão frágil?


Nem tudo é verdade,

nem tudo é o que se vê,

mas como rosa em outono viestes a aparecer?


Se do impossível te fazes passível, 

então o impossível mais que possível é.

Se do amor te fazes incrível,

indestrutível é.

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