Falecer

Um dia, em um lugar, 
haverá uma circunstância de encerramento.
Não haverão mais passos,
nem fôlego para os porquês.

Os braços, inertes, abraçarão a ausência
e de vazio se encherá o peito.
"Eis que parto!" tentará dizer o corpo,
mas a alma, esvaindo-se para algum lugar,
já o terá abandonado.

Se retorna ou não,
se encontra abrigo 
ou se jamais existiu,
não diz uma palavra.

Mas o fantasma de sua presença
-concreta ou imaginária,
uma casca oca em decomposição,
é deixado como memória encarnada e,
coberto por camadas de chão,
coloca distância indefinidamente definitiva
entre a vida e o que pode existir além.

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