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Solo sagrado

 Todas as pessoas no mundo são amadas por alguém. É preciso andar nesse mundo com diligencia e sensibilidsde para não pisotear o que um amor plantou, colheu e regou. Todas as pessoas são solo sagrado. E não há solo mais sagrado, do que aquele que alguém nos permite estar.

As mãos e o tempo

Por que você ocupa seus dedos de esmiuçarem o passado? Do passado eu só quero o agridoce conforto das memorias turvas. Com os meus dedos, tateio o futuro. Com os meus dedos, busco os seus, ao meu lado.

Sob a tela

 Pincel língua de gato com cerdas naturais. “Tinta óleo é melhor para a sofisticação” alguém me disse. Me deparo com a minha própria ignorância, a autoimagem de minha artista é a de alguém que tateia no escuro. Se pensar com carinho, eu sei bem pouco sobre pintura - assim como tudo que aprendi a gostar. Há tanto para saber e tão pouco tempo para começar a saber. A única coisa que entendo com maestria é o controle (e se pudera, queria ter controle também sobre minha própria ignorância). Cada pincelada na tela é um convite para mais, mas no plano maior há a necessidade de cessá-la. Pincelar é um convite sem fim, mas a beleza reside no controle.  Entre ideia e outra, as cores se misturam em minha vista e a mente vaga até você. Seu rosto, como o rosto de um santo que surge quando se fecha os olhos para rezar - é nítida e difusa, como são todas as coisas reconstruídas por memória.  As pequenas coisas e o silêncio me levam à ideia de você. Penso em nós e o imagético metafórico ...

Escolhemos 60

     Já pensei muito sobre como as horas deveriam ser compostas por 100 minutos e os minutos por 100 segundos. Herdei da infância a ideia de que 100 é o número da perfeição para encerrar o ciclo do que já se foi e, enfim, reiniciar. Uma hora - conceito de algo que, quando pensei sobre o assunto na primeira vez, me parecia tão grandioso e extenso - deveria ser também composta por um número grandioso e extenso de subpartições.      Convicta, respondia no dever de casa que 1 hora tem 100 minutos e a professora, muito afetuosamente, riscava o 100 e escrevia 60 por cima à caneta, me corrigindo. Claro que naquela época, nada nem mesmo a pronúncia do meu próprio nome era tão elaborada ou familiar como hoje. Levei tempo a me habituar e a justificativa por trás nunca me foi satisfatória: o sistema sexagesimal foi herdado historicamente. Não havia uma grande justificativa matemática ou geométrica por trás da escolha pouco óbvia do sistema de marcação temporal. ...