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Mostrando postagens de setembro, 2025

As mãos e o tempo

Por que você ocupa seus dedos de esmiuçarem o passado? Do passado eu só quero o agridoce conforto das memorias turvas. Com os meus dedos, tateio o futuro. Com os meus dedos, busco os seus, ao meu lado.

Sob a tela

 Pincel língua de gato com cerdas naturais. “Tinta óleo é melhor para a sofisticação” alguém me disse. Me deparo com a minha própria ignorância, a autoimagem de minha artista é a de alguém que tateia no escuro. Se pensar com carinho, eu sei bem pouco sobre pintura - assim como tudo que aprendi a gostar. Há tanto para saber e tão pouco tempo para começar a saber. A única coisa que entendo com maestria é o controle (e se pudera, queria ter controle também sobre minha própria ignorância). Cada pincelada na tela é um convite para mais, mas no plano maior há a necessidade de cessá-la. Pincelar é um convite sem fim, mas a beleza reside no controle.  Entre ideia e outra, as cores se misturam em minha vista e a mente vaga até você. Seu rosto, como o rosto de um santo que surge quando se fecha os olhos para rezar - é nítida e difusa, como são todas as coisas reconstruídas por memória.  As pequenas coisas e o silêncio me levam à ideia de você. Penso em nós e o imagético metafórico ...