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O que grita em todos os gestos

Acho que temos muita coisa em comum, mesmo sendo tão diferentes. Acho que quando sua boca treme quando você fala, E quando as minhas palpebras se tornam muito pesadas para serem levantadas enquanto você me olha, E quando você finge ler algo no seu celular, E quando minhas mãos tremem, E quando você brinca com a pulseira do no seu braço direito, E quando eu desvio o olhar como se buscasse alguém, Há ali medo e vontade de esconder o que grita em todos os gestos: atração.

Sucesso

 O que é o sucesso senão o mágico remédio, prescrito pela suposição, para curar todas as nossas dores? A medalha na parede, o metal no anelar da mão esquerda, passos de criança sobre o piso ou até mesmo o chacoalhar do molho de chaves. Quando listamos assim parece que o sucesso tem cadência, uma ordem certa e predeterminada para acontecer.  Inquieto-me. O engessado sufoca. Se pudesse, usaria o martelo da incerteza para desfazer qualquer peripécia a intentar solidificar o futuro. Tudo, sob os pés da percepção, transforma-se quando trocamos de assento na mesa do banquete da vida. Pela feliz surpresa da mutabilidade de tudo, deparo-me  com o novo conforme o mundo passa pela janela do ônibus. No borrão das árvores que balancam com o vento eu me lembro dos versos de Pessoa. Meus dedos apenas mais lentos que a ideia, caçam letra a letra pelo teclado, como uma artesã que tece os anos em cada fio e ponto. Teço os segundos do trajeto, teço as ideias de um estranho em um outro temp...